Doenças de Pele
- Dermatomicoses (Micoses da Pele)
As dermatomicoses são infecções fúngicas da pele e que afectam o corpo, em particular as zonas mais húmidas, uma vez que os fungos necessitam de humidade e calor para se desenvolverem.
São contraídas em zonas como os balneários públicos, piscinas, termas, entre outros locais onde haja contacto dos pés em zonas com água.
É importante identificar o agente causador da dermatomicose, de forma a aplicar-se o tratamento mais adequado.- Verrugas
São infecções da pele provocadas pelo vírus HPV (papiloma vírus humano)que se desenvolvem na planta do pé e/ou dedos após contacto directo. Este vírus entra no organismo através de feridas que existam na pele, sendo que a pressão exercida ao caminhar pode facilitar a entrada do mesmo.
É preciso ter presente que este vírus pode manter-se activo em vários locais possíveis de contaminação durante meses.
São contraídas em zonas contaminadas, sendo mais comum em balneários públicos, zonas em volta das piscinas, banheiras de hotéis, tapetes de ginásio, sapatos de bowling, etc.
As verrugas plantares podem ter vários tamanhos, aspectos e formas, sendo muitas vezes confundidas por um "calo".
- Fissuras ou Gretas
As fissuras ou gretas surgem, principalmente, quando a pele está desidrata e quando perde elasticidade (algo que vai acontecendo à medida que vamos envelhecendo).
Perdendo esta elasticidade e se não for devidamente hidratada, ou sempre que se associa a estas condições outras, como o uso de calçado inadequado, condições climatéricas extremas, agentes agressivos (ex. detergentes) ou terapêuticas agressivas, a pele fica sujeita a abrir essas fissuras criando um desconforto ao nível dos pés.
- Queratopatias Digitais e Plantares (Calos e Calosidades)
Estas queratopatias são um aumento de produção de queratina (acumulação de pele) em determinadas zonas da planta do pé e dos dedos. Podem ser observadas sob dois aspectos, nomeadamente os Helomas (calos) e as Hiperqueratoses (calosidades).
Os "calos" são mais pequenos, mais discretos e tendem a ocupar as camadas mais profundas da pele quando comparadas com as "calosidades". Estes podem ainda surgir em cima, na lateral, na polpa dos dedos (de consistência mais dura), ou entre os dedos (de consistência mais mole). Surgem também na planta do pé, isolados e são igualmente dolorosos.
As "calosidades" são espessamentos da pele mais extensos, sem limites bem definidos e menos discretas, tendo tendência para surgir mais no calcanhar e na zona metatársica (zona imediatamente antes dos dedos).
Estas queratopatias surgem devido ao uso de sapatos de tamanho inferior ao pé, com forma estreita e de salto alto, causando fricção ou excesso de pressão em determinadas zonas do pé. Podem também surgir devido à proeminência de algum osso (ex.: joanete), a deformidades estruturais (ex: dedos sobrepostos) ou ainda devido a alterações no apoio do pé (aumentando a pressão em determinadas zonas).
- Úlceras
As úlceras são definidas como sendo uma ferida que tem dificuldade em curar.
A causa da mesma pode variar, podendo ser devido a presença de diabetes, devido a má circulação ou a um excesso de pressão em determinado local do pé, ou ainda à falta de sensibilidade no pé, entre outras. Em pacientes diabéticos o cuidado deve ser redobrado, pois estes têm mais dificuldade em cicatrizar que qualquer outra pessoa podendo uma pequena ferida evoluir para uma úlcera mais séria e que poderá resultar em último caso na amputação do dedo ou parte do pé.
NOTA: Se for diabético tenha especial atenção com os seus pés.
- Hiperhidrose (Excesso de transpiração) Hidrose significa transpiração. A transpiração é uma defesa natural do organismo contra o calor. A sua função é controlar a temperatura do corpo humano, principalmente durante o exercício físico ou quando a temperatura ambiente é elevada. Outra das suas funções é a de eliminar toxinas. O responsável pela regulação da transpiração é o sistema nervoso autónomo. A hiperactividade das glândulas sudoríparas leva a um excesso de produção de suor, logo a um excesso de transpiração. A esta condição dá-se o nome de Hiperhidrose. A hiperhidrose pode-se verificar de forma local (por ex., nos pés, nas axilas ou mãos) ou generalizada. Esta condição pode surgir devido a problemas idiopáticos ou secundária a outras doenças (ex: hipertiroidismo). Outras causas podem ser problemas hormonais, desordens metabólicas, determinadas medicações, menopausa ou obesidade. Entre as causas da hiperhidrose a mais comum e mais fácil de percepcionar é o factor emocional. Quando a um excesso de transpiração está associado um factor emocional este pode piorar em situações de stress e de nervosismo. Por sua vez, vai afectar a vida social e até profissional, principalmente se estiver presente um mau odor (nem sempre associado, por si só, ao excesso de transpiração).
- Bromohidrose – transpiração acompanhada de mau odor
- Anidrose – quando há um défice de transpiração
- Disidrose – quando se verifica o aparecimento de erupções cutâneas
- Lavar todos os dias os pés, secando muito bem os espaços entre os dedos após o banho;
- Usar produtos específicos para pés;
- Dar preferência a meias de algodão, evitando as fibras;
- Trocar diariamente as meias;
- Não usar os mesmos sapatos todos os dias, alternando diariamente;
- Não guardar o calçado em locais fechados, optando por deixa-los a arejar durante a noite.
Para além da hiperhidrose existem outros tipos de hidrose, nomeadamente:
De forma a evitar este tipo de problema é importante que se adoptem alguns hábitos preventivos, nomeadamente:
Doenças das Unhas
- Onicocriptoses (Unhas Encravadas) É uma patologia dolorosa que surge quando a unha perfura a pele à sua volta, permitindo assim a entrada de bactérias e consequente infecção. Embora todas as unhas possam ser afectadas, a mais comum é a unha do hallux (dedo grande do pé).
Esta patologia pode surgir devido a várias razões. Pessoas que apresentam por si só unhas grossas e/ou curvadas, têm predisposição para o surgimento desta patologia, normalmente sem infecção associada, ocorrendo apenas um desconforto e incómodo. Outras pessoas apresentam-na devido a um traumatismo, mau corte ungueal ou uso de calçado inadequado (demasiado pequeno ou pontiagudo). Quando há traumatismo pode ocorrer a entrada de bactérias no organismo e assim causar infecção.
As onicocriptoses podem estar acompanhadas por um granuloma piogénico. Esta é uma lesão que se desenvolve na lateral do dedo onde a unha está "encravada". É avermelhado, tem tendência a crescer e sangra com muita facilidade. O granuloma só desaparece após a remoção da parte da unha que está "encravada".
- Onicomicoses (Micose da Unhas) São infecções fúngicas que afectam as unhas. Estas infecções normalmente desenvolvem-se por debaixo da unha podendo torna-la mais grossa, mais amarelada ou escurecida e normalmente descolam a unha do leito. A coloração da unha varia de acordo com o agente presente.
À semelhança das dermatomicoses (micoses da pele) também as onicomicoses afectam mais as unhas dos pés e pela mesma razão, nomeadamente a presença de calor e humidade, em local fechado (normalmente o sapato).
Nestas situações a precocidade do tratamento é o mais indicado, ou seja, quanto mais cedo se iniciar o tratamento mais rápido e fácil se obtêm resultados positivos. Quando isso não acontece o fungo ganha mais resistência ao tratamento tornando o mesmo mais difícil e mais demorado.
- Onicoxis e Onicogrifose (unhas grossas)
- Problemas de circulação;
- Diabetes;
- Psoríase;
- Artrite Reumatóide;
- Traumatismos na matriz (zona onde se produz a unha).
Onicogrifose, é uma hipertrofia da lâmina ungueal (corpo da unha) onde se verifica uma alteração na morfologia da mesma. É uma unha que se apresenta exageradamente mais grossa, opaca, com estrias transversais e de coloração acastanhada ou amarelada e de consistência dura.
No caso da onicoxis a unha apresenta-se totalmente engrossada e cresce para cima, já na onicogrifose a unha apresenta-se engrossada mas desviada lateralmente. Este tipo de unhas podem também apresentar-se associadas a uma onicomicose (micose da unha), ou pode ainda apresentar-se com um calo doloroso debaixo da unha.
Esta é uma condição que pode afectar uma ou mais unhas sendo a mais comum a unha do hallux (dedo grande do pé). Pode ainda estar presente uma deformidade do dedo.
Aparece com mais frequência em pessoas idosas, sendo as causas mais comuns as seguintes:
As Onicogrifoses não surgem de imediato, por exemplo, após um traumatismo, em que o dano manifesta-se após algum tempo do mesmo ter acontecido. Esta é uma condição irreversível e geralmente agrava ao longo do tempo.
- Hematoma Ungueal (unha negra) São pequenos sangramentos sob a lâmina ungueal (corpo da unha) dos dedos dos pés, em particular do hallux.
Esta patologia surge como resultado de um trauma na lâmina ungueal. Surge quando ocorre um deslizamento do pé dentro do calçado com traumas repetidos da parte distal (mais externa) da lâmina ungueal. Pode também surgir por trauma directo aquando da prática desportiva ou quando ocorre uma "topada" em alguma coisa.
Para prevenir o surgimento desta patologia deve-se usar calçado adequado, ou seja, ajustado ao pé e nunca demasiado curto. Outro factor importante é o correcto corte das unhas, pois quanto mais compridas maior a probabilidade de ocorrer um traumatismo na unha.
Alterações Biomecânicas
- Heterometrias - Diferença de comprimento dos membros inferiores
- Estrutural – caracteriza-se por uma malformação óssea consolidada, com afectação do fémur e/ou da tíbia, ou seja, existe um real encurtamento de comprimento ósseo.
- Funcional – caracteriza-se pelo posicionamento da extremidade e que define uma discrepância de longitude, ainda que seja anatómica e metricamente iguais. Nestes casos os aspectos clínicos são os mais problemáticos e mais conflituosos no que respeita a tratamentos.
A heterometria dos membros inferiores é uma alteração frequente em todo o aparelho locomotor durante a infância e consequência de algum tipo de alteração do crescimento.
O principal problema é que esta alteração repercute em todo o aparelho locomotor o que faz pensar para além da patologia no pé, uma vez que que este problema também afecta a coluna vertebral. Não obstante, nem sempre que existe uma heterometria é necessário tratamento ortopédico. A maioria dos autores não considera susceptível o tratamento se a diferença de membros for inferior a 1 cm.
Alguns autores demonstraram que discrepâncias maiores que 0,64 cm levam a problemas de fasceíte plantar enquanto outros descrevem esta discrepância (funcional ou não) resultante de uma pronação (queda do pé para dentro) assimétrica.
Visto que esta discrepância pode ter factores etiológicos distintos, é necessário uma boa avaliação para que o tratamento seja o mais adequado.
A discrepância de longitude dos membros inferiores divide-se em dois tipos básicos:
- Pé Plano
- Hereditariedade;
- Incorreta biomecânica dos pés;
- Trauma;
- Artrite reumatóide;
- Problemas neurológicos ou neuromusculares;
- Gravidez;
- Obesidade;
- Etc.
A principal estrutura de suporte do pé é o arco longitudinal interno do mesmo.
Uma pessoa cujo arco se encontre achatado ou estiver ausente apresenta um "Pé Plano". Esta patologia é a que provoca mais problemas nos pés devido à exagerada queda do arco longitudinal interno, denominada de pronação.
Causas:
Muitas pessoas com pé plano não apresentam qualquer sintoma, no entanto outras pessoas com esta patologia apresentam dores no pé, tornozelo, joelho, anca e/ou coluna. Podem também apresentar fadiga, cãibras, ou outros problemas associados a deformidades como os joanetes ou dedos em martelo. A estabilidade do tornozelo fica comprometida assim como os músculos e tendões, principalmente se se verificar a existência de um excesso de pronação (rotação da articulação do tornozelo "para dentro"). O diagnóstico é feito através da avaliação realizada durante a consulta e com o apoio de um Raio X sempre que se achar necessário. Pode também ser pedida uma Ressonância Magnética para diagnosticar outras patologias que estejam relacionadas com o pé plano, sempre que se justifique. Uma vez que não existe apenas uma forma clínica de pé plano, significa que se podem originar sinais e sintomas diferentes, dependendo da forma clínica presente.
- Pé Cavo
- Dedos em garra;
- Calos e Calosidades em zonas de maior pressão, nomeadamente, na polpa dos dedos, na zona metatarsal (almofada plantar junto aos dedos), no calcanhar;
- Dor ao caminhar ou ao estar parado em pé (no antepé e/ou retropé), localizada ou generalizada;
- Instabilidade do tornozelo;
- Tendinites;
- Dificuldade em calçar sapatos (pela altura do peito do pé);
- Lombalgias (dores na zona lombar da coluna);
- Etc.
Uma pessoa cujo arco longitudinal interno do pé se encontre acentuado ou elevado apresenta um "Pé Cavo". Devido a este arco elevado uma quantidade excessiva de peso é suportada pelo calcanhar e zona da frente do pé, quando caminhamos ou estamos parados em pé.
Esta patologia é menos frequente que o Pé Plano. Pode originar vários sinais e sintomas, como dor e instabilidade do pé. Pode, também, surgir em qualquer idade e em ambos os pés ou apenas um.
Causas
As causas podem ser neurológicas, ortopédicas e/ou neuromusculares.
Algumas das condições que podem estar associadas a esta patologia são a doença de Charcot-Marie-Tooth, Espinha Bífida, Distrofia Muscular, entre outras. Em alguns casos a hereditariedade pode estar na causa do Pé Cavo.
Sinais e Sintomas
Ao contrário do pé plano, que nem sempre é doloroso, o pé cavo apresenta muitos casos dolorosos principalmente na zona mais à frente do pé (antepé) e na zona mais posterior (calcanhar ou retropé).
Alguns dos sinais e sintomas que surgem nesta patologia são:
O diagnóstico deve ser feito através de uma avaliação biomecânica do pé realizada durante uma consulta. Pode-se também recorrer a exames como raio X ou ecografias, se for necessário, dependendo dos sintomas que estejam presentes.
- Fasceíte Plantar (dor na planta do pé) A Fasceíte Plantar é uma inflamação da fáscia plantar (tecido grosso e fibroso que vai desde o calcanhar até às cabeças metatársicas - zona justamente antes dos dedos) do pé. A principal função deste tecido é o de suportar o arco do pé. A fáscia estende-se de cada vez que o pé entra em contacto com o solo. Quando esta extensão é superior à que ela está preparada para suportar, pode ocorrer uma distensão ou ruptura de algumas fibras. Quando acontece repetidamente surge dor, inflamação e em casos mais graves poderá surgir um esporão do calcâneo. A fasceíte plantar pode surgir apenas num pé ou nos dois. A causa para o surgimento desta patologia pode ir desde um determinado tipo de actividade física (ou o aumento repentino da mesma), uma profissão que obrigue a pessoa a estar muito tempo de pé ou a andar muito, o uso de sapatos inadequados, gravidez, ou ainda um mau apoio do pé. O sintoma principal é uma dor localizada no calcanhar. Esta dor é mais intensa pela manhã quando a pessoa se levanta da cama e apoia os pés no chão, ou depois de períodos prolongados de descanso, tendo tendência a diminuir após uns minutos, podendo nunca desaparecer totalmente. Pode também estar intensificada ao final do dia. Para quem apresenta esta patologia desde há algum tempo pode sentir um desconforto e dor durante todo o dia.
- Esporão do Calcâneo O Esporão do Calcâneo é uma extensão do osso do calcanhar (calcâneo). Quando há um excesso de tensão na fáscia, pode repetidamente "arrancar" o tecido que cobre o osso do calcanhar resultando então num esporão. O esporão pode ser mais perpendicular ou horizontal ao calcâneo, mais bicudo ou rombudo e depende disso ser mais ou menos doloroso. Cerca de 90% das vezes a fasceíte plantar causa dor no calcanhar, mas no entanto nem sempre quer dizer que estamos perante um esporão do calcâneo. Outras formas de desenvolver uma dor no calcanhar poderão passar pela existência de fracturas de stress ao nível do calcanhar, tumor do calcanhar, bursite no tendão de Aquiles. Poderão ser necessários exames complementares para confirmar o diagnóstico.
- Tendinites
Tendinite é uma inflamação ou irritação de um tendão (fibra ou "cordão" que une o músculo ao osso). Esta condição causa dor e o aumento de sensibilidade junto à articulação.
Algumas das causa mais comuns são, movimentos repetitivos do tendão ou trauma, que de uma forma geral acontecem durante a prática de exercício físico, ou outra qualquer actividade que promova o excesso de uso e trauma no tendão.
Os sintomas incluem dor, podendo também surgir um tendão inchado. Esta sensação dolorosa pode estar presente constantemente ou melhorar com o repouso.
- Entorses do tornozelo
- Grau 1 – Ligeiro estiramento e algum dano nas fibras dos ligamentos. Ainda é possível caminhar, mas com dificuldade. Existe alguma dor, rigidez e inchaço. O pé ainda com alguma estabilidade.
- Grau 2 – Rotura parcial do ligamento. Poderá ser difícil caminhar. A dor é mais severa, o edema é maior e poderá haver algum grau de contusão. O pé apresenta alguma instabilidade.
- Grau 3 – Rotura total do ligamento. A dor é severa, passando para uma fase posterior de ausência de dor se não for colocado nenhum peso sobre o tornozelo. O pé não tem qualquer estabilidade e não é possível caminhar.
Entorse do tornozelo é uma lesão comum em atletas, mas pode também ocorrer em não atletas, crianças, adultos e idosos. É definida como uma torção do tornozelo, consequência de um movimento rápido enquanto caminhamos, corremos ou pisamos algo irregular.
Os ligamentos do tornozelo mantêm os ossos e as articulações do mesmo na posição fisiológica. Eles protegem a articulação do tornozelo de movimentos anormais.
Um ligamento é uma estrutura elástica que pode estirar até um determinado limite depois do qual volta à sua posição normal. Quando os ligamentos são estirados para além dos seus limites ocorre uma entorse. Se a entorse for severa então pode chegar mesmo a haver um rompimento do ligamento.
A quantidade de força determina que grau de entorse ocorreu:
A quantidade de dor e edema está dependente do grau de entorse.
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico é feito através de testes de stress que identificam o tipo de entorse.
Quando ocorre um entorse severo poderá ser necessário a realização de um raio X para confirmar se existiu alguma lesão a nível ósseo. Também poderá ser pedido uma ressonância magnética para descartar uma possível lesão grave dos ligamentos. Esta normalmente é realizada após o edema diminuir.
O tratamento varia de acordo com o grau de entorse. No caso de um grau 1 descanso, gelo, compressão e elevação da perna será o indicado. No caso de um grau 2 deverá fazer-se o mesmo que num grau 1, mas também poderá ser necessário a imobilização do tornozelo por um tempo recorrendo a ligaduras funcionais. No grau 3 poderá ser necessário intervenção cirúrgica e/ou o uso de gesso durante 2 ou 3 semanas para imobilizar o tornozelo. Neste caso poderá ficar associado uma instabilidade permanente.
Após qualquer tratamento deve ser feita uma reabilitação para ajudar a diminuição de dor e edema e também para prevenir problemas crónicos no tornozelo.
- Deformidades Digitais (ex.: dedos em garra, dedos em martelo, dedos em malho, dedos sobrepostos)
Quando falamos em deformidades digitais, falamos em alterações do alinhamento dos dedos. Existem muitos tipos de deformidades dos dedos podendo estar localizados nos dedos menores (2º, 3º, 4º e 5º dedos) ou hallux (dedo grande do pé). Estas deformidades têm tendência a ser bastante dolorosas. Os dedos menores têm três articulações, podendo estar todas afectadas ou apenas uma ou duas.
Algumas pessoas nascem com deformidades nos dedos, no entanto a maioria desenvolve-as durante o estado adulto, principalmente em idades avançadas.
Estas deformidades podem ter diversas causas, como a artrite reumatóide, doenças neurológicas (ex.: paralisia), traumatismos (ex.: fracturas), tamanho e forma dos dedos, o uso de calçado demasiado apertado e pequeno.
Dos diferentes tipos de deformidades dos dedos os mais comuns são, os dedos em martelo, os dedos em garra, os dedos em malho ou dedos sobrepostos.
Dedos em Martelo
Caracteriza-se pela deformação da articulação do meio, do dedo, criando, assim, uma zona de atrito com o calçado. O dedo mais afectado por esta deformidade normalmente é o 2º dedo (o dedo imediatamente a seguir ao dedo grande do pé) pois normalmente é o mais longo, podendo no entanto, atingir todos os outros dedos.
Dedos em Garra
Caracteriza-se pela deformação da articulação que une o dedo ao restante pé e da articulação do meio do dedo. Esta deformidade dá a sensação que ocorreu um "enrolar" dos dedos (como se estivessem a tentar agarrar um objecto).
Ao contrário dos dedos em martelo, os dedos em garra raramente se limitam a um dedo, sendo mais comum a afectação de todos os dedos.
As causas podem ser várias, podendo ser de natureza neurológica (estando todos os dedos menores afectados), devido à artrite reumatóide (muito comum) ou ainda à forma como apoiamos os pés (devido a um desequilibro postural). A diabetes pode também estar por detrás destas deformidades uma vez que provoca danos nos nervos.
Dedos em Malho
Caracteriza-se pela deformação da articulação da ponta do dedo devido, muitas vezes, a um excesso de tensão do músculo que permite ao dedo flectir (dobrar). Os dedos mais afectados são os mais longos, principalmente o 2º e 3º dedo.
Dedos Supra e Infra-Ductos
É uma condição onde o dedo se coloca por cima ou por baixo de outro. Esta patologia pode surgir em qualquer idade, mas é mais comum em pessoas adultas. Nas crianças quando surge é preciso ter atenção à idade e ao grau de forma a que seja aplicado o tratamento mais adequado a cada caso para assim conseguirmos alguma correcção da patologia.
- Hallux Abductus Valgus (Joanetes) O Hallux Abductus Valgus, mais vulgarmente conhecido por joanete, corresponde a uma deformação do hallux (dedo grande do pé). Esta deformação é definida como o desvio lateral do dedo em direcção aos restantes dedos, forçando consequentemente a articulação do mesmo na direcção oposta. Devido a essa razão surge uma proeminência do osso lateralmente.
- Pele irritada à volta da zona mais proeminente
- Zona proeminente mais avermelhada
- Calo ou calosidade (lateral ou plantar)
- Dor ao caminhar (devido ao desgaste da articulação)
- Hereditariedade visto que muitas vezes outras pessoas na família também os apresentam
- Flexibilidade excessiva dos tendões
- Problemas neurológicos
- Artrite reumatóide
- Uso de sapatos inadequados, nomeadamente os mais afunilados na zona da frente ou com salto alto excessivo
As mulheres são quem mais sofre desta condição, apresentando alguns sintomas típicos, nomeadamente:
Esta condição obriga, muitas vezes, as pessoas a comprar calçado um número acima do normal de modo a conseguir acomodar a proeminência que se formou.
As causas podem ser várias, nomeadamente:- Neuroma de Morton
- Pé Plano (ou Chato);
- Posicionamento anormal dos dedos do pé;
- Joanetes;
- Sapatos com forma incorrecta e salto alto;
- Entre outros.
- Formigueiro nos dedos;
- Câimbras nos dedos;
- Dores agudas;
- Sensação de queimação (na planta do pé).
O neuroma dos nervos digitais plantares foi difundido por Thomas G. Morton em 1876, como uma lesão tumoral benigna que se caracteriza por uma fibrose do nervo digital plantar. Esta lesão surge com mais frequência entre o terceiro e o quarto ossos metatarsais.
A razão pela qual surge com mais frequência entre o 3º e o 4º osso metatarsais é pelo facto de aqui se localizar a união entre os ramos lateral e medial dos nervos digitais plantares, e também pela maior mobilidade do 4º osso face ao 3º, favorecendo, desta forma, a ocorrência de microtraumas.
A causa exacta é desconhecida, mas acredita-se que algumas condições podem estar por detrás do surgimento desta patologia:
É mais frequente em mulheres pela sua predilecção por sapatos de salto alto, que leva a um aumento da pressão na cabeça dos metatarsos e consequente compressão do nervo. Pode também ocorrer em atletas que pratiquem desportos onde há grande impacto do pé com o solo, como é o caso da corrida, por exemplo.
Sintomas
Os sintomas do neuroma podem ser:
Clinicamente, o neuroma desenvolve uma dor característica no antepé que leva muitas vezes a pessoa a descalçar-se para massagear os dedos, ou mesmo parar a sua actividade.
Qualquer um dos sintomas pode-se agravar pelo uso de calçado inadequado, persistência do impacto e falta de tratamento.
Para se fazer um correcto diagnóstico é necessário realizarem-se alguns exames durante a consulta e também poderá ser necessário a realização de um Raio X para descartar outros problemas ósseos e uma ecografia ou ressonância magnética que nos dará a certeza da existência ou não do neuroma.
Tratamento
O tratamento passa por modificar alguns hábitos, nomeadamente o tipo de calçado usado, optando por sapatos com salto menor e com forma menos estreita na zona dos dedos (para evitar compressão). Os tratamentos de eleição são o uso de suportes plantares (palmilhas personalizadas, feitos por um Podologista) e em casos mais graves poderá ser necessário encaminhar a pessoa para cirurgia para remoção do neuroma.
- Sindrome do Túnel Társico (ou do Tarso)
- Entorses graves do tornozelo;
- Trauma no pé e tornozelo;
- Fracturas;
- Lesões por esmagamento no pé e tornozelo;
- Lesões por estiramento;
- Luxações;
- Etc.
- Proeminências ósseas;
- Tumores localizados (quistos, lipomas, gânglios);
- Exostoses;
- Pé plano severo;
- Etc.
O túnel do tarso é a localização anatómica por onde passam algumas estruturas, nomeadamente, veias, artérias, tendões e nervos. A síndrome do túnel do tarso descreve-se como sendo a compressão do nervo tibial posterior na passagem deste pelo túnel do tarso. Este encontra-se por detrás do maléolo tibial e debaixo do retinaculum dos músculos flexores do pé.
Esta síndrome surge normalmente em adultos activos, mas pode também surgir em crianças.
Causas extrínsecas são:
Causas intrínsecas são:
Sintomas
Os sintomas que por norma existem são: uma dor da zona interna do tornozelo, inchaço e dificuldade em caminhar. Surge também uma dor na planta do pé (podendo também irradiar para a perna) que geralmente é definida pelas pessoas como uma sensação de formigueiro ou de queimação. Estes sintomas podem agravar com a prática de exercício físico, após longos períodos em pé ou ao fim de um longo dia a andar. Os mesmos diminuem durante o repouso.
Diagnóstico e Tratamento
Para o diagnóstico desta síndrome é necessário um bom estudo do historial clínico do paciente, bem como alguns exames complementares (ex.: Raio X, Ressonância Magnética). O tratamento passa pela diminuição da pressão dentro do túnel (onde passa o nervo tibial posterior). Dependendo da severidade da patologia poderá ser necessário recorrer a uma intervenção cirúrgica.
Tratamentos Personalizados
- Suportes Plantares (palmilhas personalizadas)
- Pé Plano
- Pé Cavo
- Fasceíte Plantar
- Tendinites / Tendinoses
- Problemas relacionados com a diabetes (ex.: pé de charcot, presença de úlceras)
- Dor no calcanhar
- Neuromas
- Entorses
- Calos ou Calosidades causadas por alterações da estrutura do pé
- Etc.
Os Suportes Plantares são palmilhas personalizadas que se colocam dentro do calçado do paciente cujo principal objectivo é compensar, corrigir (em crianças) ou paliar (diminuir a dor) as alterações presentes nos pés de cada pessoa em particular.
Com o uso dos suportes verifica-se um alinhamento dos ossos e articulações do pé que vai consequentemente levar a um aumento da função dos músculos, tendões, ligamentos, fáscia ou áreas que estejam sobre excessiva pressão.
É necessário que se faça uma distinção entre palmilhas estandardizadas e Suporte Plantares. Enquanto as primeiras são, como a própria palavra o diz, estandardizadas e não respeitam as curvaturas de cada pé (sendo iguais para toda as pessoas), as personalizadas são feitas através de um molde que é realizado na consulta a cada um dos pés do paciente. Em local próprio e com apoio nos moldes feitos na consulta faz-se os suportes plantares através de material e método especifico para cada tipo de pé e patologia, tendo em conta o objectivo que se quer alcançar.
Em que casos se aplicam Suportes Plantares?
- Ortóteses em Silicone
- Paliativas: protegem a zona de fricção e pressão de forma a evitar o surgimento de helomas (calos) ou hiperqueratose (calosidades) que poderão causar dor;
- Correctivas: alinham os dedos em garra, hallux abductus valgus (joanetes) de forma a evitar a sua formação ou agravamento do mesmo;
- Substitutivas: em caso de amputações de forma a diminuir pressões e consequências pela falta do dedo ou parte dele, se se justificar a sua aplicação ou até aplicar um tratamento mais definitivo.
As ortóteses em silicone são constituídas por um polímero que possui capacidades de elasticidade e resistência, sendo utilizadas várias vezes como tratamento ortopodológico. Em Podologia são utilizadas com regularidade para protecção de dedos, alinhamento de dedos em garra ou até joanetes e como elementos substitutivos em casos de amputação.
Sendo assim existem 3 tipos de ortóteses de silicone:
- Ligaduras Funcionais e Neuromusculares
- Promover e acelerar o processo de regeneração dos tecidos;
- Evitar os efeitos negativos de uma imobilização rígida, permitindo um movimento selectivo;
- Limitar amplitudes de movimentos indesejados;
- Permitir movimentos funcionais sem dor;
- Possibilitar um regresso precoce à actividade (física ou do dia-a-dia).
- Controlo de possível edema;
- Vascularização melhorada através do movimento;
- Controlo de reacções compensatórias;
- Prevenção da atrofia muscular;
- Controlo do stress sobre as estruturas lesionadas;
- Preservação do padrão normal de movimento;
- Etc.
- Reeducação do sistema neuromuscular;
- Reduzir a dor e inflamação;
- Aumentar a performance;
- Prevenir lesões;
- Promover a circulação e a cura;
- Ajudar o corpo a reestabelecer a sua homeostasia;
- Etc.
As ligaduras funcionais têm como principal objectivo dar protecção e suporte de forma selectiva a estruturas lesionadas ou submetidas a esforços específicos limitando ou controlando gestos susceptíveis de originar ou agravar um lesão, permitindo ao mesmo tempo uma capacidade de movimento funcional.
Os principais objectivos destas ligaduras são:
Alguns dos benefícios destas ligaduras são:
As ligaduras neuromusculares são ligaduras de reabilitação direccionadas para facilitar o processo de cura natural do corpo ao mesmo tempo que proporciona suporte e estabilidade aos músculos e articulações sem restringir a amplitude de movimento dos mesmos, assim como proporcionam uma manipulação dos tecidos.
Estas ligaduras podem ser aplicadas de várias formas e tem a capacidade de reeducar o sistema neuromuscular, funcionando por estimulação de receptores neurológicos que se encontram na pele uma vez que em contacto com a mesma vão accionar esses diferentes receptores aliviando a dor e facilitando a drenagem linfática.
Os principais objectivos destas ligaduras são então:
Os principais benefícios destas ligaduras estão relacionados com um efeito fisiológico positivo na pele, no sistema linfático e circulatório, na fáscia, nos músculos, ligamentos, tendões e articulações. Podem ser usadas em conjunto com uma diversidade de tratamentos clínicos sendo eficaz na fase crónica e de reabilitação das lesões ou mesmo como medida preventiva.